terça-feira, abril 28, 2009

No fundo do mar II




Decidida a voltar, chamei pelo mar e, deitada sobre as suas asas, mergulhei novamente.


Nunca almejei tanto aquele lugar e, por saber que poderia reviver cada momento passado, iniciei a minha segunda viagem sem receios e em plena felicidade.


Mas todo o gáudio se foi desvanecendo e uma súbita angústia apoderou-se de mim. Estava tudo tão diferente. As mais belas águas que conheci mostravam-se agora frias e sombrias, não exibiam um ponto de luz.


- O que terá acontecido? – Perguntei-me.


Continuei a minha procura mas não auferi sucesso. Triste e desiludida, não quis mais conhecer um escasso que fosse daquele estranho mundo e desta vez, sem que fosse obrigada, fui devolvida à terra.


Sentada à beira-mar, aquela terrível experiência revelou-se num pranto. Foi muito mais simples e natural acreditar na utopia do que aceitar que tudo não passava disso mesmo.

quinta-feira, abril 23, 2009

No fundo do mar



Nas asas do mar, mergulhei num novo mundo.

Parti à descoberta do desconhecido e, aquelas águas que à superfície se exibiam bravias e traiçoeiras, mostraram-se mansas e translúcidas.

 

Envolta naquele misterioso lugar, afastei todos os receios e deixei que a curiosidade me conduzisse. Uma viagem que me fez conhecer o lado mais âmago das profundezas e as suas mais belas particularidades.

 

Toda a sua excelência enfeitiçou-me e, consciente que teria de regressar ao autêntico, desejei poder ter mais tempo para continuar naquele deslumbramento.

 

De impulso, as águas até então serenas, tornaram-se impacientes formando uma desmedida tempestade. Sobre uma onda gigante, fui novamente guiada até à superfície, não tendo o meu desejo concedido.

 

Não compreendo como puderam negar refugio a quem se entregou de alma e coração a uma imensidão que aléns seria considerada impossível e destituída da realidade.

 

Obterei refutação, quero voltar.

terça-feira, abril 21, 2009

O salvamento





Vivia num sono profundo, cercada por um terrível pesadelo.
Temia nunca mais acordar.

Rodeada por sombras e angústias, desencadeei uma busca desenfreada por uma luz; uma luz que pudesse não só iluminar-me o caminho da esperança, como aquecer-me, protegendo-me daquele gélido mundo.


Tentei ir mais longe mas as pernas começaram a fraquejar, fiquei sem fôlego. Perdi as forças para lutar. Nunca desejei a morte mas, naqueles instantes, também não quis a vida. Não aquela vida.


Deitada sobre o mórbido silêncio, quase que desfalecida, senti um corpo quente a envolver-me gentilmente. Fez-me flutuar. Momentos depois senti-me pousada e outra vez sozinha. Não estava preparada para enfrentar novamente uma dura realidade. Com receio e dificuldade, abri os olhos.


O cenário com que me deparei, não poderia ser mais desejado. Apesar de uma clara luz a encadear-me o olhar, não quis abstrair-me um segundo que fosse, daquele paraíso.


- Terei eu morrido? – Perguntei-me.


Olhei em frente e ali estavas tu, o dono do corpo quente e gentil que me terá salvo daquele terrífico lugar. Sorriste para mim e aí obtive a resposta à minha pergunta pois nunca me senti tão viva. O meu coração começou a bater com vigor e voltei a ganhar forças.


Agora não preciso mais de uma corrida desenfreada porque mesmo sobre as terríveis sombras da vida, só preciso de ti a caminhar a meu lado.