segunda-feira, março 22, 2010

A luta da conquista


Caminhava de pés de calços sobre a areia molhada na bela e insulada ilha para onde viajei. O sol radiante, o calor temperado com uma suave e fresca brisa, faziam daquele passeio o mais melódico que alguma vez desfrutei. O som harmónico da rebentação das ondas, o murmurar dos animais que faziam daquele lugar sua casa, faziam sentir-me tranquila. Todo aquele lugar era paz.

Pensei entrar na água morna e vítrea mas com receio de que se tornasse novamente impaciente e bravia como na minha primeira viagem ao fundo do mar, não arrisquei e optei por somente observa-la, sem lhe tocar.

Sentei-me na areia, contemplando a primorosa excelência daquele espaço e, apesar de todas as sensações maravilhosas que tudo me fazia sentir, algo faltava. Aquele não era o meu lar, não me pertencia e eu não pertencia aquele lugar. Talvez se tivesse alguém com quem partilhar a desfrutação do momento, sentisse de maneira diferente mas acredito que, apesar da pulcritude daquela ilha e por muito que estimassem a minha companhia, não haveria ninguém que optasse por ali viver.

A calma e a serenidade são os anseios de todos mas a verdade é que, ao alcança-las, a saudade da azafama, da confusão e até mesmo das zangas, acentua-se simplesmente porque aí sabemos valorizar e podemos deleitar-nos com o prazer das pazes e do silencio.

Apesar tranquilidade, do sossego, de toda a formosa harmonia que por momentos nos sabe tão bem, todos nós precisamos de obstáculos, de amarguras, para conhecermos o verdadeiro significado da felicidade.

 Apressei-me e voltei à minha anterior vida onde, mesmo estando longe de ser perfeita, sou feliz e depois do necessário descanso, nada como sentirmos-nos queridos, acalorados pela irrequietude da família, dos amigos… do nosso amor.

quarta-feira, janeiro 13, 2010

Um sonho que sonhei


As boas vindas, ainda que um tanto ou quanto atrasadas, ao ano de 2010.

 

Apesar de saber que poucos são os que lêem este blogue, lamento (mais por mim mesma) ter-me afastado deste espaço durante tanto tempo e não ter cumprido com o referido no meu anterior post. A vida ocupa-nos assentando novos interesses e, infelizmente, novas preocupações.

 

Mas o importante de momento é que voltei e com uma nova história, desta vez, um sonho que eu sonhei.

 

Sonhei voar e na fundura da noite, subi ao céu.

Abracei a lua, toquei as estrelas e procurei por algo que pudesse ser teu.

 

Quis dar-te o sol, fazer do teu nome uma constelação

Mas nada se igualava ao que eu trazia no meu coração.

 

 É impossível fazer caber no bolso

Algo que se irmane ao meu bem mais valioso.

 

O amor que sinto por ti

Ultrapassa o infinito,

E se é a depender de mim

viverá muito além disso.

 

Despertei e mesmo vendo cessada a minha magnífica  viagem pelos céus, não poderia existir felicidade maior porque melhor é ainda a sensação de acordar e ter-te colado a mim.

 

Amo-te, só porque não existe palavra com valor maior.

 

A quem me preenche.

domingo, novembro 29, 2009

Momento de reflexão



Amante do sol e do calor, aprendi agora a saborear o frio e a chuva.
Quem, como eu, continua a caminhar nesta pedregosa estrada, enfrentado tamanhos obstáculos e aguentado o sabor amargo do já passado, entenderá e concordará certamente, que estes fenómenos são os capazes de nos fazer sentir vivos quando viajamos sobre tempos negros.


Porque quem ama a vida, tem de aceitar tudo o que de si se faz acompanhar. Ama-la com todos os seus defeitos e qualidades e aprender a valorizar aspectos que nos fazem senti-la.

Assim como faz o Homem capaz de amar o seu semelhante…


E para quem precisa de desculpas para mostrar o seu apreço, aproveitem a época festiva que aí se avizinha mas não se deixem levar pelo consumismo. Quanto a mim, espero voltar em breve, a tempo de desejar um feliz Natal e um delicioso Ano Novo com a tradicional antecedência.

domingo, outubro 11, 2009

A Vida Nos Orfanatos


A minha vida estagnou num equilíbrio perfeito, o que por si só não acarreta um esplêndido significado. Todas as emoções estão sobre a mesma linha, sobre o mesmo plano e talvez  por isso este blogue tenha ficado inactivo mais de dois meses. Não encontro a luz da inspiração e o mais âmago de mim não tem interesse em ser exposto de momento.

Hoje venho abrir o meu coração não para falar de mim mas para dar a conhecer aos visitantes deste blogue um projecto cuja iniciativa partiu de um grupo de estudantes do secundário do curso de Ciências Sociais e Humanas.

 

A Vida Nos Orfanatos é o titulo deste trabalho pensado e criado por seis jovens na disciplina Área de Projecto e tem como objectivo acompanhar e ajudar os orfanatos da zona de Lisboa. Apesar de estarem a lutar para uma boa nota à disciplina, foi demonstrada  vontade em continuar mesmo depois do término das aulas. Uma atitude de louvar que infelizmente não tem a divulgação que realmente merece e é por isso que dedico um pouco deste espaço ao assunto e espero assim contribuir para o seu sucesso.

 

Dado o pouco tempo que têm para demonstrarem aquilo que valem, obrigaram-se a escolher um único orfanato para a avaliação escolar. A casa a que se irão dedicar ao longo dos próximos meses é  A Casa do Gaiato. Foi pedida a contribuição de todos para que o objectivo destes jovens seja cumprido. Actualmente o pedido recai sobre vestuário feminino. Em A Casa do Gaiato vivem crianças e mulheres até aos vinte cinco (25) anos pelo que qualquer ajuda será bem-vinda e certamente agradecida por todos os intervenientes.


Deixo-vos também o blogue cujos passos desta iniciativa são descritos e onde poderão comunicar de forma directa com os autores: http://a-vida-nos-orfanatos.blogspot.com.

terça-feira, agosto 04, 2009

Sentimentos



Um interior não reflectido, a ausência dos não presentes… Uma dimensão paralela.


Uma vida que se encurta, um significado sem sentido, um pedaço perdido a cada milésimo de segundo. Uma caixa fechada, uma carta esquecida, a chave escondida e um falso sorriso. A felicidade pendente, um acomodado seguro, não se vive, sobrevive-se.


A dor do querer e não poder, a mágoa do ter tido e ter perdido, a ânsia do voltar porque o sentimento é mutuo. A protectora frieza, a indiferença ilusória, um feitiço enganador para quem amava e agora só não esquece. Uma ligação inquebrável.


Uma bola de neve que adiou os sonhos, a incorrecta e assumida vontade de errar, o apetecido fruto proibido. A esperança de acabar, a luz dos teus olhos, o brilho que encandeia o teu doce coração é a opção de saída que quero tomar no final do túnel da vida.

segunda-feira, maio 18, 2009

A invisibilidade do Ser


Entre os ruídos de uma frenética multidão, num espaço tão efémero como é a vida, eu. Entre os atropelos da agitação, entre os mais risos que choros, estou eu, sozinha. Passam por mim como se de um ser invisível me tratasse, demonstrando o companheirismo, a amizade que lhes formam os laços, esquecendo que um dia também eu ali pertenci.

 

O estranho está na minha estagnação e na correria que me passa ao lado. Confidencio que esta minha invisibilidade sem impacto me preocupa. Estarei eu a desperdiçar tempo e oportunidades? Em alturas também corri. Corri com uma mão entrelaçada na minha. Mas acabou por deslizar e nem o ar angustiante a demoveu. Perdi-a no meio da multidão.

 

Será medo de arriscar?

 

Estou cansada de tantos choques e empurrões. Quero mesmo voltar a caminhar na direcção comum mas tudo seria mais elementar se voltasse a ter uma mão que, num puxão, me fizesse dar os primeiros passos.


terça-feira, abril 28, 2009

No fundo do mar II




Decidida a voltar, chamei pelo mar e, deitada sobre as suas asas, mergulhei novamente.


Nunca almejei tanto aquele lugar e, por saber que poderia reviver cada momento passado, iniciei a minha segunda viagem sem receios e em plena felicidade.


Mas todo o gáudio se foi desvanecendo e uma súbita angústia apoderou-se de mim. Estava tudo tão diferente. As mais belas águas que conheci mostravam-se agora frias e sombrias, não exibiam um ponto de luz.


- O que terá acontecido? – Perguntei-me.


Continuei a minha procura mas não auferi sucesso. Triste e desiludida, não quis mais conhecer um escasso que fosse daquele estranho mundo e desta vez, sem que fosse obrigada, fui devolvida à terra.


Sentada à beira-mar, aquela terrível experiência revelou-se num pranto. Foi muito mais simples e natural acreditar na utopia do que aceitar que tudo não passava disso mesmo.